O que é labirintite? Entenda esta condição que afeta o equilíbrio
A labirintite é uma inflamação que atinge o labirinto, estrutura localizada no ouvido interno responsável pela audição e, principalmente, pelo equilíbrio do corpo. Esta condição pode manifestar-se de forma súbita, provocando sintomas intensos como tontura, vertigem (sensação de que o ambiente está girando), desequilíbrio, alterações auditivas e mal-estar generalizado.
Estima-se que, atualmente, cerca de 30% da população mundial sofrerá com algum episódio de labirintite ao longo da vida; além disso, a incidência aumenta significativamente após os 65 anos. Apesar de raramente representar risco de vida, a labirintite pode comprometer seriamente a qualidade de vida e a capacidade de realizar atividades cotidianas.
O diagnóstico preciso e, consequentemente, o tratamento adequado da labirintite são fundamentais para aliviar os sintomas e, assim, prevenir complicações a longo prazo. Neste artigo, você encontrará informações completas sobre sintomas, causas, diagnóstico e tratamentos eficazes para a labirintite.
Principais sintomas da labirintite: Identificando a crise vertiginosa
Os sintomas da labirintite geralmente aparecem de forma repentina e podem variar em intensidade e duração. Durante uma crise de labirintite, a pessoa pode experimentar:
- Tontura ou vertigem intensa: sensação de que o ambiente está girando ou que você está em movimento quando está parado
- Desequilíbrio severo: dificuldade para andar em linha reta ou manter-se de pé sem apoio
- Alterações auditivas: perda temporária ou permanente da audição, principalmente em frequências agudas
- Zumbido no ouvido (tinnitus): Trata-se de um ruído persistente que pode ser descrito, por exemplo, como apito, chiado ou zumbido.
- Náuseas e vômitos: muito comuns durante as crises mais intensas
- Nistagmo: movimento involuntário e rítmico dos olhos, geralmente horizontal
- Dor de cabeça persistente: especialmente na região temporal
- Sensibilidade a movimentos: os sintomas pioram ao movimentar a cabeça rapidamente
- Sudorese excessiva: acompanhada de sensação de calor ou frio
- Ansiedade e medo: desencadeados pela sensação de perda de controle
As crises de labirintite podem durar de alguns minutos a várias semanas, com os sintomas diminuindo gradativamente. No entanto, é comum que os sintomas retornem após períodos de remissão, especialmente quando há movimentação brusca da cabeça ou em situações de estresse.
Você sabia? A intensidade dos sintomas da labirintite pode ser tão severa que até 75% dos pacientes precisam interromper completamente suas atividades durante uma crise aguda.
Labirintite emocional: Quando o estresse afeta seu equilíbrio
A labirintite emocional representa, portanto, um subtipo específico da condição, no qual fatores psicológicos como estresse crônico, ansiedade e depressão atuam como gatilhos principais para a inflamação dos nervos do ouvido interno ou do labirinto.
Os sintomas da labirintite emocional incluem:
- Sensação constante de pressão nos ouvidos
- Zumbido que intensifica em momentos de ansiedade
- Tontura leve a moderada que piora em situações estressantes
- Desequilíbrio intermitente
- Dor de cabeça que se concentra na região temporal
- Sensação de “cabeça vazia” ou “flutuante”
- Dificuldade de concentração
A labirintite emocional estabelece um ciclo negativo: o estresse desencadeia os sintomas, que por sua vez aumentam a ansiedade, piorando ainda mais os sintomas. Quebrar este ciclo é fundamental para o tratamento efetivo.
Labirintite na gravidez: Desafios adicionais para gestantes
Durante a gestação, as alterações hormonais provocam diversas mudanças no corpo feminino; além disso, ocorrem maior retenção de líquidos e alterações circulatórias. Esses fatores, portanto, podem contribuir para o desenvolvimento ou agravamento da labirintite em mulheres grávidas.
Os sintomas da labirintite na gravidez são semelhantes aos da condição em não-gestantes, porém podem ser intensificados por:
- Além disso, as alterações no volume sanguíneo e na pressão arterial podem influenciar o equilíbrio e causar sintomas associados à labirintite.
- Mudanças no centro de gravidade corporal
- Retenção de líquidos mais acentuada
- Além disso, a maior sensibilidade a odores pode desencadear náuseas, agravando os sintomas da labirintite.
- Estresse e ansiedade relacionados à gravidez
O tratamento da labirintite durante a gestação requer cuidados especiais, pois muitos medicamentos tradicionalmente utilizados são contraindicados. Por isso, o acompanhamento conjunto entre obstetra e otorrinolaringologista é essencial.
Como é feito o diagnóstico da labirintite?
O diagnóstico preciso da labirintite envolve, primeiramente, uma avaliação clínica detalhada e, frequentemente, exames complementares para, assim, excluir outras condições que podem apresentar sintomas semelhantes.
Avaliação clínica
O otorrinolaringologista ou neurologista realizará:
- Anamnese completa: Um histórico detalhado dos sintomas, incluindo início, duração e fatores desencadeantes, é essencial para o diagnóstico preciso.
- Exame físico: avaliação neurológica e do equilíbrio, incluindo testes como Romberg e Unterberger
- Teste do nistagmo: Além disso, a observação de movimentos oculares involuntários pode indicar disfunção vestibular, auxiliando no diagnóstico.
Exames complementares
Para confirmar o diagnóstico e descartar outras condições, podem ser solicitados:
- Audiometria: avalia a capacidade auditiva e identifica possíveis perdas auditivas associadas
- Vectoeletronistagmografia (VENG): Por exemplo, o exame que registra os movimentos oculares em resposta a estímulos permite avaliar a função do sistema vestibular de forma detalhada.
- Posturografia dinâmica: avalia o equilíbrio em diferentes condições sensoriais
- Exames de imagem:
- Tomografia computadorizada (TC) do crânio
- Ressonância magnética (RM) do crânio e ouvidos
- Angiorressonância dos vasos cerebrais
Além disso, estes exames são fundamentais para excluir condições graves que podem mimetizar a labirintite, como:
- Neurite vestibular
- Doença de Ménière
- Acidente vascular cerebral (AVC)
- Hemorragia intracraniana
- Tumores cerebrais ou do ângulo pontocerebelar
- Esclerose múltipla
- Enxaqueca vestibular
Atenção! Sintomas como tontura severa acompanhada de fraqueza em um lado do corpo, dificuldade para falar, alterações visuais súbitas ou dor de cabeça intensa e repentina podem indicar um AVC e exigem atendimento médico imediato.
As principais causas da labirintite: O que está por trás das tonturas

A labirintite pode ser desencadeada por diversos fatores, sendo os mais comuns:
1. Infecções
- Virais: responsáveis por cerca de 50% dos casos, incluindo:
- Vírus da gripe
- Herpes zoster ótico (síndrome de Ramsay Hunt)
- Citomegalovírus
- Epstein-Barr
- Caxumba e rubéola
- Bacterianas: menos comuns, mas potencialmente mais graves:
- Otite média complicada
- Meningite bacteriana
- Tuberculose
- Sífilis avançada
2. Condições vasculares e metabólicas
- Hipertensão arterial não controlada
- Diabetes mellitus
- Dislipidemia (colesterol e triglicerídeos elevados)
- Aterosclerose
- Insuficiência vertebrobasilar
3. Problemas estruturais e neurológicos
- Disfunção da articulação temporomandibular (DTM)
- Traumatismo cranioencefálico
- Enxaqueca vestibular
- Esclerose múltipla
- Vertigem posicional paroxística benigna (VPPB)
4. Fatores iatrogênicos
- Efeitos colaterais de medicamentos como:
- Antibióticos aminoglicosídeos
- Anti-inflamatórios
- Diuréticos
- Antidepressivos
- Antipsicóticos
5. Fatores emocionais e estilo de vida
- Estresse crônico e ansiedade
- Depressão
- Fadiga extrema
- Sedentarismo
- Tabagismo
- Consumo excessivo de álcool
- Desidratação crônica
Identificar a causa específica da labirintite é essencial para um tratamento direcionado e eficaz, reduzindo não apenas os sintomas atuais, mas também prevenindo recorrências futuras.
Tratamento completo para labirintite: Recuperando o equilíbrio
O tratamento da labirintite deve ser multidisciplinar, combinando, portanto, diferentes abordagens para controlar os sintomas agudos e, além disso, tratar a causa subjacente. As principais estratégias incluem:
1. Tratamento medicamentoso
Os medicamentos mais comumente prescritos para labirintite incluem:
- Antivertiginosos:
- Betaistina (Betaserc®, Labirin®): melhora a microcirculação no ouvido interno
- Flunarizina (Vertix®, Flunarin®): bloqueador de canais de cálcio com ação antivertiginosa
- Dimenidrinato (Dramin®): reduz a intensidade das tonturas e náuseas
- Antieméticos:
- Ondansetrona (Vonau®, Nausedron®)
- Metoclopramida (Plasil®)
- Domperidona (Motilium®)
- Sedativos vestibulares: utilizados apenas na fase aguda por curto período
- Diazepam (Valium®)
- Clonazepam (Rivotril®)
- Corticosteroides: em casos de origem inflamatória severa
- Prednisona
- Prednisolona
- Antibióticos: quando identificada causa bacteriana
- Antidepressivos e ansiolíticos: para casos relacionados a fatores emocionais
- Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS)
- Benzodiazepínicos em baixa dosagem
Importante: O uso de medicamentos deve ser sempre prescrito e monitorado por um médico, pois alguns podem causar dependência ou efeitos colaterais significativos.
2. Reabilitação vestibular: Fisioterapia especializada
A terapia de reabilitação vestibular é considerada, portanto, um dos tratamentos mais eficazes para labirintite crônica ou recorrente, apresentando taxas de sucesso superiores a 85%. Essa abordagem inclui:
- Exercícios de habituação: Trata-se da repetição controlada de movimentos que provocam tontura, o que, gradualmente, permite que o cérebro se “acostume” e, assim, reduza a resposta sintomática.
- Exercícios de estabilização do olhar: Além disso, melhoram a capacidade de fixar a visão durante movimentos da cabeça.
- Treinamento de equilíbrio: Por exemplo, exercícios progressivos sobre diferentes superfícies e condições ajudam a aprimorar o equilíbrio e a adaptação vestibular.
- Manobras de reposicionamento: específicas para casos de VPPB associada
- Técnicas de relaxamento: reduzem tensão muscular e ansiedade associada
A fisioterapia vestibular geralmente é realizada em sessões semanais por 6 a 12 semanas, com exercícios domiciliares diários complementares.
3. Abordagem nutricional: Dieta anti-inflamatória
A alimentação desempenha um papel importante no controle da labirintite; assim, tanto na prevenção quanto no tratamento, uma dieta anti-inflamatória adequada inclui:
Alimentos Recomendados:
- Peixes ricos em ômega-3: salmão, sardinha, atum
- Frutas vermelhas e cítricas: morango, mirtilo, laranja
- Vegetais de folhas verdes escuras: espinafre, couve, rúcula
- Alimentos ricos em magnésio: abacate, banana, nozes
- Gengibre e cúrcuma: potentes anti-inflamatórios naturais
- Alimentos ricos em zinco: sementes de abóbora, castanha-do-pará
- Água: mínimo de 2 litros diários para adequada hidratação
Alimentos a Evitar:
- Alimentos processados e ultraprocessados
- Açúcares refinados
- Alimentos com alto teor de sódio
- Cafeína: café, chá preto, refrigerantes
- Bebidas alcoólicas
- Alimentos ricos em glutamato monossódico
- Laticínios em excesso (para pessoas sensíveis)
4. Terapias complementares
Algumas abordagens complementares podem auxiliar no tratamento da labirintite:
- Acupuntura: Além disso, estudos indicam eficácia no controle de sintomas vertiginosos.
- Técnicas de relaxamento: meditação, yoga e respiração controlada
- Terapia cognitivo-comportamental: especialmente útil em casos de labirintite emocional
- Fitoterápicos: como Ginkgo biloba e gengibre, que podem melhorar a circulação sanguínea e reduzir inflamação
Prevenção da labirintite: Estratégias para evitar novas crises
Prevenir recorrências é fundamental para quem já sofreu com labirintite. Por isso, as principais medidas preventivas incluem:
Hábitos diários
- Hidratação adequada: Além disso, beba pelo menos 2 litros de água diariamente para manter uma boa hidratação.
- Sono regulado: mantenha um padrão de sono saudável de 7-8 horas por noite
- Controle do estresse: pratique técnicas de relaxamento e mindfulness
- Atividade física regular: Para isso, recomenda-se, portanto, dar preferência por exercícios de baixo impacto, como natação, caminhada e pilates.
- Evite movimentos bruscos da cabeça: Esse sintoma ocorre especialmente ao acordar ou ao levantar-se, quando o corpo ainda está se adaptando às mudanças de posição.
Cuidados com a saúde
- Monitoramento de doenças crônicas:
- Controle da pressão arterial
- Acompanhamento da glicemia
- Controle do colesterol e triglicerídeos
- Prevenção de infecções:
- Higienização frequente das mãos
- Vacinação em dia
- Tratamento imediato de infecções respiratórias
- Revisões periódicas:
- Avaliação auditiva anual
- Consultas regulares com otorrinolaringologista
Alimentação preventiva
- Dieta equilibrada rica em antioxidantes
- Redução do consumo de sódio
- Moderação no consumo de cafeína e açúcares
- Evitar jejum prolongado
- Suplementação de vitamina D e complexo B (sob orientação médica)
Perguntas frequentes sobre labirintite
1. A labirintite tem cura definitiva?
Sim, a labirintite tem cura na maioria dos casos. Quando causada por infecções agudas, o tratamento adequado geralmente resolve completamente o quadro. Nos casos crônicos ou recorrentes, o tratamento combinado (medicamentos, fisioterapia vestibular e mudanças no estilo de vida) pode proporcionar remissão completa dos sintomas. No entanto, alguns pacientes podem apresentar predisposição a novas crises, necessitando de cuidados preventivos contínuos.
2. A labirintite pode causar AVC?
Não, a labirintite em si não causa AVC (Acidente Vascular Cerebral). Entretanto, é importante ressaltar que alguns sintomas, como tontura intensa e desequilíbrio, podem estar presentes tanto na labirintite quanto em quadros de AVC, especialmente aqueles que afetam a circulação vertebrobasilar. Por isso, sintomas como tontura acompanhada de fraqueza unilateral, dificuldade para falar, alterações visuais súbitas ou dor de cabeça intensa devem ser considerados emergenciais.
3. Quanto tempo dura uma crise de labirintite?
A duração de uma crise de labirintite varia consideravelmente:
- Crises agudas: podem durar de algumas horas a 2-3 dias com sintomas intensos
- Fase de recuperação: os sintomas diminuem gradualmente ao longo de 1-4 semanas
- Labirintite crônica: sintomas mais leves podem persistir por meses se não tratados adequadamente
O início do tratamento adequado precocemente geralmente reduz significativamente a duração dos sintomas.
4. Posso dirigir durante o tratamento de labirintite?
A condução de veículos durante o tratamento de labirintite, portanto, não é recomendada, especialmente nas seguintes situações:
- Durante crises ativas com tontura, vertigem ou desequilíbrio
- Nas primeiras 24-48 horas após início de medicamentos sedativos vestibulares
- Se houver nistagmo (movimento involuntário dos olhos)
- Quando há histórico de crises súbitas e imprevisíveis
O retorno à direção deve ser autorizado pelo médico assistente, geralmente após resolução dos sintomas principais.
5. Labirintite pode levar à perda auditiva permanente?
Em alguns casos, sim. Quando a labirintite afeta não apenas o sistema vestibular (responsável pelo equilíbrio), mas também a cóclea (responsável pela audição), pode ocorrer perda auditiva. Esta perda pode ser:
- Temporária: Normalmente, é comum em quadros virais leves, apresentando recuperação completa após o tratamento.
- Permanente: Por outro lado, é mais frequente em casos de labirintite bacteriana grave, especialmente quando o tratamento é tardio.
Por isso, qualquer alteração auditiva durante um quadro de labirintite deve ser relatada imediatamente ao médico.
6. Qual a relação entre labirintite e ansiedade?
A relação entre labirintite e ansiedade é bidirecional:
- A ansiedade pode desencadear ou agravar crises de labirintite (labirintite emocional)
- Crises de labirintite frequentemente geram ansiedade e medo de novas crises
Esta relação pode criar um ciclo vicioso que dificulta o tratamento. Por isso, a abordagem psicológica é frequentemente parte importante do plano terapêutico, especialmente em casos crônicos ou recorrentes.
Conclusão: Recuperando o equilíbrio e a qualidade de vida
A labirintite, apesar de seus sintomas intensos e desagradáveis, é uma condição tratável na grande maioria dos casos. O diagnóstico preciso, seguido de tratamento adequado e multidisciplinar, permite não apenas o controle dos sintomas agudos, mas também a prevenção de recorrências.
É fundamental buscar atendimento médico especializado aos primeiros sinais de tontura persistente ou recorrente, especialmente quando acompanhada de alterações auditivas ou desequilíbrio. O otorrinolaringologista ou neurologista são os especialistas mais indicados para conduzir a investigação e estabelecer o plano terapêutico.
Lembre-se que, além disso, mudanças no estilo de vida, incluindo alimentação equilibrada, atividade física regular, controle do estresse e hidratação adequada, são pilares importantes tanto no tratamento quanto na prevenção da labirintite.
Com o acompanhamento médico apropriado e seguindo as recomendações de tratamento, é possível recuperar plenamente o equilíbrio e retomar as atividades cotidianas com confiança e qualidade de vida.