Dengue: sintomas, tratamento e prevenção

Dengue: Sintomas, tratamento e prevenção

A dengue é uma doença infecciosa que afeta milhões de brasileiros anualmente, representando um sério problema de saúde pública. Mas, você sabe identificar os sintomas da dengue? Além disso, conhece as formas de prevenção mais eficazes? Neste artigo, vamos explorar tudo sobre esta doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, desde seus primeiros sinais até as estratégias mais atualizadas de tratamento e prevenção.

O que é dengue e como se manifesta no organismo

A dengue é uma doença infecciosa febril aguda causada por um vírus da família Flaviviridae. Transmitida principalmente pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado, a dengue pode se manifestar de formas variadas – desde quadros assintomáticos até condições potencialmente fatais, como a dengue grave (anteriormente conhecida como dengue hemorrágica).

Esta enfermidade representa um desafio constante para a saúde pública brasileira, especialmente durante os períodos chuvosos e quentes, quando há aumento significativo na proliferação do mosquito transmissor. Além disso, a dengue não escolhe classe social ou região geográfica, afetando desde grandes centros urbanos até pequenas comunidades rurais.

Os quatro sorotipos do vírus da dengue

O vírus da dengue é classificado cientificamente como um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes) e apresenta quatro sorotipos distintos:

  • DENV-1: Frequentemente associado a surtos de grande magnitude
  • DENV-2: Considerado um dos sorotipos mais virulentos, com maior potencial para casos graves
  • DENV-3: Também relacionado a formas mais severas da doença
  • DENV-4: Geralmente causa quadros menos graves, mas ainda perigoso

Uma característica importante da dengue é que a infecção por um sorotipo confere imunidade permanente contra aquele tipo específico, mas apenas proteção temporária contra os outros. Isso significa que uma pessoa pode contrair dengue até quatro vezes ao longo da vida, uma para cada sorotipo viral.

Principais sintomas da dengue: Do quadro clássico ao grave

Os sintomas da dengue geralmente aparecem entre 3 e 14 dias após a picada do mosquito infectado, com período médio de incubação de 5 a 7 dias. É fundamental conhecer os sinais para buscar atendimento médico rapidamente, aumentando as chances de recuperação sem complicações.

Sintomas comuns da dengue clássica

A forma clássica da dengue geralmente se manifesta com:

  • Febre alta (39°C a 40°C) de início súbito
  • Dor de cabeça intensa, principalmente na região frontal e atrás dos olhos
  • Dores musculares e articulares (daí o nome popular “febre quebra-ossos”)
  • Prostração e fraqueza
  • Náuseas e vômitos
  • Perda de apetite
  • Manchas avermelhadas na pele (exantema)
  • Coceira na pele
  • Leve sangramento de gengivas ou nariz

É importante ressaltar que cerca de 20% a 50% das pessoas infectadas pelo vírus da dengue não apresentam sintomas visíveis, mas ainda assim podem transmitir o vírus para o mosquito caso sejam picadas durante o período de viremia.

Sinais de alarme: Quando a dengue pode se agravar

A transição da dengue clássica para formas mais graves geralmente ocorre após o período febril (entre o 3º e 7º dia da doença). Os sinais de alarme que indicam possível agravamento incluem:

  • Dor abdominal intensa e contínua
  • Vômitos persistentes
  • Acúmulo de líquidos (edema)
  • Sangramento de mucosas (nariz, gengivas, etc.)
  • Letargia ou irritabilidade
  • Hipotensão postural (queda de pressão ao levantar-se)
  • Aumento do fígado (hepatomegalia)
  • Diminuição progressiva das plaquetas

ATENÇÃO: A presença de qualquer um desses sinais exige avaliação médica imediata, pois pode indicar evolução para dengue grave.

Dengue grave: Quando a doença ameaça a vida

A forma grave da dengue (anteriormente chamada de dengue hemorrágica) é caracterizada por:

  • Extravasamento severo de plasma
  • Hemorragias importantes
  • Comprometimento grave de órgãos
  • Choque circulatório (pressão muito baixa)

Esta forma da doença pode ser fatal se não tratada adequadamente e com rapidez. Pacientes com infecções prévias por outros sorotipos da dengue, bem como pessoas com doenças crônicas como diabetes, hipertensão, asma ou anemia falciforme, apresentam maior risco de desenvolver formas graves.

Diagnóstico diferencial: Doenças confundidas com dengue

Os sintomas iniciais da dengue podem ser facilmente confundidos com outras doenças febris, o que, portanto, torna o diagnóstico clínico desafiador. Além disso, entre as condições frequentemente confundidas com dengue estão:

  • Febre amarela
  • Zika vírus
  • Chikungunya
  • Malária
  • Leptospirose
  • Influenza (gripe)
  • Rubéola
  • Sarampo

Por isso, durante epidemias, é essencial que qualquer pessoa com febre de início súbito busque avaliação médica para diagnóstico correto e tratamento adequado. Exames laboratoriais específicos podem confirmar a infecção pelo vírus da dengue, incluindo:

  • Isolamento viral
  • Detecção de antígenos virais (NS1)
  • Sorologia (IgM e IgG)
  • PCR (reação em cadeia da polimerase)

Transmissão da dengue: Entendendo o ciclo do mosquito

A dengue é transmitida exclusivamente pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectada com o vírus. Por outro lado, não existe transmissão direta de pessoa para pessoa, seja por contato físico, secreções, compartilhamento de objetos ou alimentos.

Ciclo de transmissão da dengue

  1. O mosquito Aedes aegypti pica uma pessoa infectada com o vírus da dengue
  2. O vírus se multiplica no organismo do mosquito (período de 8 a 12 dias)
  3. O mosquito, agora infectado, pica uma pessoa saudável
  4. A pessoa picada pode desenvolver a doença após o período de incubação

O Aedes aegypti possui hábitos predominantemente diurnos, com maior atividade nas primeiras horas da manhã e no final da tarde. Além disso, a fêmea do mosquito necessita de sangue para a maturação dos ovos, o que explica por que apenas as fêmeas picam humanos.

Características do mosquito transmissor

O Aedes aegypti é facilmente identificável por algumas características:

  • Coloração escura com listras brancas no corpo e nas patas
  • Tamanho pequeno (menor que um pernilongo comum)
  • Voo silencioso, dificultando sua percepção
  • Preferência por água limpa e parada para reprodução
  • Ciclo de vida completo (ovo à fase adulta) em aproximadamente 7 a 10 dias

Vale destacar que um único mosquito fêmea pode colocar até 450 ovos durante sua vida, que dura em média 30 dias. Além disso, os ovos são extremamente resistentes, podendo sobreviver por mais de um ano em ambiente seco e eclodir rapidamente quando entram em contato com a água.

Tratamento: Abordagens atualizadas

Atualmente, não existe tratamento antiviral específico para a dengue. A abordagem terapêutica concentra-se no manejo dos sintomas e na prevenção de complicações, especialmente a desidratação e os distúrbios hemodinâmicos.

Tratamento da dengue clássica

Para casos leves a moderados, sem sinais de alarme, o tratamento inclui:

  • Hidratação abundante: Recomenda-se a ingestão de pelo menos 2 litros de líquidos por dia (água, soro caseiro, água de coco, sucos naturais)
  • Repouso relativo: Evitar esforços físicos durante o período febril e de recuperação
  • Medicação para febre e dor: Preferencialmente paracetamol ou dipirona
  • Monitoramento dos sinais vitais e sintomas: Observação constante para identificar possível agravamento

IMPORTANTE: Deve-se evitar completamente o uso de medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (como AAS, Aspirina) e anti-inflamatórios não esteroidais (como ibuprofeno, diclofenaco), pois podem aumentar o risco de sangramentos.

Tratamento com sinais de alarme ou grave

Pacientes que apresentam sinais de alarme ou dengue grave devem ser hospitalizados imediatamente para:

  • Hidratação intravenosa rigorosa e monitorada
  • Controle laboratorial frequente (hemograma completo, função renal, enzimas hepáticas)
  • Monitoramento dos sinais vitais e diurese
  • Suporte de oxigênio, se necessário
  • Transfusão de hemocomponentes (plaquetas, plasma) em casos específicos
  • Tratamento de complicações específicas

Além disso, o manejo adequado da dengue grave reduziu significativamente a taxa de mortalidade nas últimas décadas, passando de cerca de 20% para menos de 1% quando há atendimento médico qualificado e oportuno.

Prevenção da dengue: Estratégias eficazes

A prevenção da dengue baseia-se principalmente no controle do mosquito vetor, uma vez que ainda não existe vacina amplamente disponível para toda a população. As medidas preventivas devem ser adotadas por toda a comunidade.

Eliminação dos criadouros do mosquito

A principal estratégia de prevenção é eliminar os locais onde o mosquito Aedes aegypti deposita seus ovos:

  • Manter caixas d’água, tonéis e barris bem tampados
  • Guardar garrafas vazias de cabeça para baixo
  • Manter lixeiras bem tampadas
  • Eliminar pratinhos de plantas ou encher com areia
  • Limpar calhas de telhados
  • Tratar adequadamente piscinas com cloro
  • Guardar pneus em locais cobertos
  • Furar recipientes que possam acumular água antes de descartá-los
  • Limpar e trocar a água dos bebedouros de animais frequentemente

Proteção individual contra picadas do mosquito

Além do controle de criadouros, medidas de proteção individual incluem:

  • Usar repelentes aprovados pela ANVISA (deet, icaridina ou IR3535)
  • Vestir roupas que cubram a maior parte do corpo
  • Instalar telas em portas e janelas
  • Usar mosquiteiros, especialmente para crianças, idosos e doentes
  • Evitar exposição nos horários de maior atividade do mosquito (início da manhã e final da tarde)

Ações comunitárias e governamentais

A prevenção eficaz da dengue exige esforços coordenados:

  • Visitas domiciliares de agentes de saúde para orientação e controle
  • Campanhas educativas em escolas e comunidades
  • Aplicação de larvicidas em locais de difícil acesso ou eliminação
  • Nebulização (fumacê) em situações específicas de surtos
  • Vigilância epidemiológica para identificação precoce de casos
  • Mutirões de limpeza em áreas de risco

Dengue e grupos de risco: Atenção especial

Algumas pessoas apresentam maior risco de desenvolver formas graves da dengue e necessitam de atenção redobrada:

  • Gestantes: Risco aumentado de complicações maternas e fetais
  • Idosos: Sistema imunológico menos eficiente e maior prevalência de doenças crônicas
  • Crianças menores de 2 anos: Maior risco de desidratação e manifestações atípicas
  • Pessoas com doenças crônicas: Diabetes, hipertensão, asma, anemia falciforme, doenças renais ou hepáticas
  • Pessoas com segunda infecção por dengue: Maior risco de desenvolver formas graves

Estes grupos devem buscar atendimento médico aos primeiros sinais de febre ou mal-estar durante períodos epidêmicos, mesmo que os sintomas pareçam leves inicialmente.

Perguntas frequentes sobre dengue

Quanto tempo dura a dengue?

A dengue clássica geralmente dura entre 5 e 7 dias, com período de recuperação que pode se estender por 2 a 4 semanas. Casos graves podem exigir internação hospitalar e recuperação mais prolongada.

Uma pessoa pode ter dengue mais de uma vez?

Sim. Como existem quatro sorotipos diferentes do vírus, uma pessoa pode contrair dengue até quatro vezes ao longo da vida. Além disso, a imunidade para um sorotipo específico, embora duradoura, pode não ser permanente em todos os casos.

Qualquer mosquito transmite dengue?

Não. No Brasil, apenas o Aedes aegypti é responsável pela transmissão da dengue. Em outras regiões do mundo, o Aedes albopictus também pode transmitir a doença, mas com menor eficiência.

Existe vacina?

Sim, existe uma vacina contra dengue aprovada no Brasil, mas com uso restrito. Atualmente, a vacina Dengvaxia® é recomendada apenas para pessoas entre 9 e 45 anos que já tiveram pelo menos uma infecção prévia por dengue. Outras vacinas estão em desenvolvimento.

A dengue pode matar?

Sim. Quando não tratada adequadamente, a forma grave da dengue pode levar a óbito por choque circulatório ou hemorragias severas. No entanto, com diagnóstico precoce e tratamento adequado, a taxa de mortalidade é inferior a 1%.

O que fazer se suspeitar?

Em caso de suspeita, procure atendimento médico imediatamente. Além disso, mantenha-se hidratado, use apenas paracetamol ou dipirona para controlar a febre e fique atento aos sinais de alarme. Por outro lado, não se automedique com anti-inflamatórios ou ácido acetilsalicílico.

Conclusão: Combate à dengue é responsabilidade de todos

A dengue continua sendo um dos principais desafios de saúde pública no Brasil e em muitos países tropicais. No entanto, apesar dos avanços no conhecimento sobre a doença, seu controle efetivo depende fundamentalmente da participação ativa de toda a sociedade na eliminação dos criadouros do mosquito transmissor.

Lembre-se: a prevenção da dengue começa em casa, mas se estende para toda a comunidade. Cada recipiente que pode acumular água eliminado representa menos mosquitos e menos casos da doença. Em caso de sintomas suspeitos, busque sempre orientação médica imediata.

O combate à dengue é uma responsabilidade compartilhada. Ao adotar medidas preventivas e disseminar informações corretas, você contribui para proteger não apenas sua saúde, mas também a de sua família e comunidade.

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